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23 novembro, 2017
Sem humor, perdemos o senso de realidade
Por fugir do óbvio e apresentar novas e surpreendentes formas de interpretar um determinado tópico, o humor é uma expressão de criatividade. Como define o neurocientista Rex Jung, “o humor, por definição, é socialmente relevante e inesperado”.
Esse ato criativo tão fundamentalmente humano é nossa solução para enfrentar com mais leveza a consciência muitas vezes dolorida e temível da nossa condição de falíveis, limitados e mortais.
Sobre o humor como uma espécie de compensação ao fato de termos recebido o poder de perceber nossas falhas, Virgínia Woolf elabora, no ensaio O Valor do Riso (1905):
“O riso preserva o nosso senso de proporção; lembra-nos sempre que somos apenas humanos; que não há homem que seja herói completo ou inteiramente um vilão. Tão logo nos esquecemos de rir, veremos as coisas fora de proporção e perdemos nosso senso de realidade”.[caption id="attachment_411" align="alignright" width="300"] John Marshall, 1819[/caption] A relação indissociável entre o cômico e o trágico foi abordada por Hermann Hesse em diversos ensaios. Em Die Nürnberger Reise (1926), ele coloca:
“Escrevam sobre o que quiserem, os assuntos e temas são para os humoristas apenas um pretexto. Na verdade, a matéria de todos é uma só: a incrível miséria e vulnerabilidade da vida humana e o eterno espanto diante do fato de que esta vida tão desgraçada seja, não obstante, tão bela e divertida”.Leia também: Virginia Woolf sobre a relação mente-corpo Virginia Woolf contra rigidez e conformismo
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